A web foi feita para humanos. Mas… E agora que os clientes são IAs?
Durante décadas, construímos a internet para pessoas. Sites desenhados como montras, formulários intermináveis, logins, captchas que nos obrigam a provar que não somos robôs. Tudo isto fez sentido num mundo onde só os humanos navegavam.
Mas estamos a entrar numa nova era: a dos agentes de Inteligência Artificial. Assistentes que não querem apenas responder a perguntas, querem agir. Reservar uma mesa, comprar um bilhete, encomendar um produto, tratar de um pedido de assistência. E de repente, percebemos o choque: a web que criámos para humanos é um muro para estas IAs.
Os agentes não conseguem lidar com captchas. Não vão “clicar” em botões. Não vão perder tempo em UX confusos. E pior: as mesmas barreiras que protegiam contra bots maliciosos tornam-se obstáculos para estes novos “clientes inteligentes”.
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É aqui que entra o MCP – Model Context Protocol.
O MCP é, na prática, o “USB-C da Inteligência Artificial”: um padrão universal que permite que as IAs interajam com websites, serviços e aplicações de forma segura, direta e oficial. Em vez de tentarem imitar cliques humanos ou rebentar contra paredes de segurança, os agentes passam a ter um canal próprio — um balcão de atendimento digital feito à sua medida.
Para quem tem um site com reservas, e-commerce ou qualquer interação online, isto muda tudo.
Ser invisível no Google já era um problema. Ser invisível ou inoperacional para os agentes de IA será uma sentença.
Se estiver preparado para MCP
O seu site deixa de ser apenas um conjunto de páginas para humanos e passa a ser também um serviço utilizável por IAs. Isso significa que, no futuro próximo, quando alguém disser ao seu assistente digital “marca-me mesa para sexta às 20h naquele restaurante” ou “compra-me os ténis no site X”, a IA consegue executar o pedido sem fricção.
Resultado? O seu negócio continua visível, mas acima de tudo, continua utilizável.
Se não estiver preparado
A resposta da IA pode ser simples: ignorar o seu site. Se o concorrente tiver MCP, a reserva vai para ele, a compra vai para ele. Ser invisível no Google já era um problema. Ser invisível ou inoperacional para os agentes de IA será uma sentença.
Quem já está a mexer-se
Isto não é futurologia. É presente. A Anthropic lançou o MCP em open source em 2024. A Microsoft está a integrá-lo no Windows, para que assistentes de IA acedam diretamente a ficheiros e apps. Replit, Sourcegraph, Block e Wix já anunciaram suporte. Até a OpenAI e a DeepMind estão a alinhar-se.
Não é uma ideia académica — é uma corrida real, com gigantes tecnológicos a puxar o novo padrão.
A questão é pragmática
Se antes as empresas tiveram de se adaptar ao mobile, depois às redes sociais, depois ao SEO… agora o desafio é tornar o site “agentic-ready”. Porque o tráfego humano direto vai cair. As pessoas vão delegar nas suas IAs. E só os sites preparados com MCP estarão prontos para receber esse “novo cliente”.
O futuro da web não é só ser encontrado. É ser utilizável pelas inteligências artificiais que vão interagir por nós. Quem perceber isto cedo terá vantagem. Quem ficar para trás vai descobrir que o seu site continua bonito para humanos… mas completamente irrelevante para as IAs (que executam tarefas para os humanos).

